Teria sido um sonho ou um quase pesadelo que a porta
do elevador não se abrisse de imediato me deixando preso por um momento?
Tudo numa fração de segundo, o acordar assustado
trouxe ao consciente lembranças novas e antigas de pesadelos resolvidos, sonhos
realizados, e uma expectativa pelo futuro, que outrora se resolveria com uma
consulta aos búzios, uma cartomante ou um estelionatário qualquer com uma bola
de cristal.
Devemos mesmo viver um dia de cada vez deixando de
lado os pensamentos de um futuro longo e quiça sombrio?
Festeja-se a longevidade como inegáveis avanços da
medicina e conquistas da vida moderna.
Pesquisas apontam e milhares de experts nos fazem
crer, na tentativa de nos vender alguma coisa, que viver até os cem anos é
digno de menção honrosa.
Mas se ficar o bicho come!
Marinho Guzman
Sonhei com uma feijoada.
Não qualquer uma mas com a do Bolinha de São Paulo.
Se você nunca comeu uma feijoada do Restaurante do
Bolinha em São Paulo, por favor pare de ler agora. Não tenho tempo nem saco
para explicar a tradição de mais de oitenta anos, como é montada e quem
frequentou aquele ridículo templo pagão da gastronomia paulistana na Avenida
Cidade Jardim no.53.
Não sei se a feijoada foi atriz, se o restaurante
foi o palco, sei que o lugar lembrava muito a premiação do Oscar, já que além
de nós simples mortais, centenas de celebridades iam se refestelar com restos
de porco servidos em cumbucas de barro, substituídas tantas vezes quantas você
pedisse.
Não sei como anda hoje mas o maior sucesso da
feijoada era a fila que se formava na porta nos anos oitenta. Os mais ricos e
famosos, as mais lindas e cobiçadas mulheres, os carros mais caros, as maiores
motos paravam em fila dupla, tripla e no bolsão de estacionamento que se
formava naquele entroncamento em frente ao finado Pandoro.
Nunca fui fã de feijoada e confesso, ia e pagava
caro porque já estava bêbado de caipirinha e inebriado com o pandemônio festivo
que era aquele circo.
Depois de começar a escrever fui dar uma olhada nas
críticas atuais do restaurante e não recomendo nem o restaurante, nem que você
leia as críticas, pois uma coisa sou eu falando e outra é você constatando que
a fama de muitas pessoas e muitos lugares foram criados por falsas ideias do
que representa a vida e o sucesso.
Chego à conclusão de que o sonho não foi com a
feijoada do Bolinha mas com o que representou para mim e para tantos ideia de
felicidade e sucesso naquela época.
Sem nenhuma cerimônia, nem tristeza, deixo de lado o
sonho e a feijoada do Bolinha, lavo a cara na pia do banheiro, dou uma olhada
furtiva no espelho e corro para o meu pão com manteiga, iogurte de frutas
vermelhas e uma fatia de bolo com café expresso da dolce gusto, presente como
todo mundo já sabe, da querida Amanda Palma.
Marinho Guzman
" A cada bela impressão que causamos,
conquistamos um inimigo.
Para ser popular é indispensável ser medíocre."
Oscar Wilde.
Todos queremos causar a melhor impressão possível,
todos gostamos de ser populares entre os amigos.
Jamais seremos unanimidade nas relações
interpessoais de um grupo, especialmente se esse grupo for heterogêneo.
Quanto mais brilhante você for mais inimigos terá!
E isso ainda é muito bom, uma vez que a alternativa
é ser medíocre."
Marinho Guzman
Brasil...país do futuro!
Olhando com otimismo para os últimos acontecimentos,
dá para perceber que pela fraqueza dos nossos governantes que o pior ainda está
por vir.
Marinho Guzman
Além do amor e do ódio, há outros sentimentos
escondidos com a gente que despertam quando menos se espera.
Simpatia mútua ou antipatia gratuita são alguns
deles.
Isso pode ser fruto do preconceito ou simplesmente
lembrar algo ou alguém de quem a gente tem uma boa impressão ou sofreu algum
revés e isso deve ser examinado melhor à luz do tempo.
Às vezes somos apresentados a uma pessoa e
imediatamente sentimos simpatia ou antipatia, sem mesmo ter mais informações a
respeito dela.
O coração pode ter razões que até a razão
desconhece.
Marinho Guzman
As religiões e seus ministros mais confundem que
explicam.
Cada dia tem mais gente discutindo a fé e menos
gente acreditando em Deus.
Quando o prêmio é o paraíso e o castigo é o inferno,
alguns preferem jogar na Mega Sena.
Quando só uma religião está certa todas as outras
estão erradas?
Você é dos que pedem ou dos que agradecem a Deus
pela vida que tem?
Nos dois casos isso pode parecer um negócio.
Marinho Guzman
O virtuoso é um pecador com poucas opções e raras
oportunidades.
Marinho Guzman
A verdade que nunca passa é que tudo passará.
Para alguns saber que tudo passa pode ser alento de
que dias melhores virão.
Isso se chama esperança.
Para muitos, saber que tudo passa pode significar
que um dia desses passaremos.
Isso se chama certeza.
Marinho Guzman
Saudosistas têm lembranças seletivas.
Isso por si só não é ruim, o que não se deve é dar
um colorido muito forte para o passado, para não imaginar um presente pálido e
um futuro esmaecido.
Marinho Guzman
Pouco tempo para viver.
Há quem confunda qualidade de vida com a
disponibilidade dos bens e da tecnologia, que despertam em nós o espírito
consumista que pode nos transformar em acumuladores e escravos dos nossos
desejos.
A mola propulsora da economia é sem dúvida a
produção e o consumo.
Ocorre que se você sucumbir ou for atropelado pelo
desejo, tão logo ele seja realizado você perde o interesse ou ele se transforma
em obrigação.
A transformação da simplicidade da vida num objetivo
difícil de ser atingido e com satisfação pouco duradora que não justifica tanto
esforço, pode tomar da gente tanto tempo com o trabalho para gerar recursos,
que sobra menos tempo do que seria desejável para atividades mais prazerosas.
As classes menos favorecidas não têm sequer a opção
de escolha. Há quem use três horas diárias para ir e vir do trabalho, oito
horas para trabalhar e oito horas para o descanso, essa pessoa terá cinco horas
ou menos por dia para outras atividades e isso é um sexto do dia, o que a
grosso modo significará onze anos num lapso de setenta.
Pouco tempo para viver.
Marinho Guzman
As coisas que a gente joga fora.
Não é novidade e de uns tempos para cá ficou bem
conhecida a doença das pessoas que guardam, juntam, colecionam coisas sem
valor, imprestáveis, inservíveis, lixo para uns, tesouros para eles. São os
chamados acumuladores.
Outros como eu, apesar de ter vários armários, gavetas
e caixas com parafusos, porcas, pregos, chaves de fenda, alicates, tesouras,
fotos antigas e outras lembranças, sempre acabo jogando tanta coisa fora que
uma vez ou outra não encontro algo que preciso e sei que tenho.
Está provado que o cérebro humano descarta grande
parte dos seus registros, sejam eles lembranças recentes ou antigas, seja
porque são pouco interessantes, insignificativas ou porque contrariam as nossas
atuais e íntimas vontades ou convicções.
Fotos e escritos que encontro de vez em quando nos
meus guardados provam que joguei fora muitas recordações do passado que não me
fazem falta e que abriram espaço para novos registros, novas fotos e novas
sensações.
O melhor lugar para o passado é no passado, que não
deve interferir no futuro.
Marinho Guzman
Dizer ou não dizer a verdade...eis a questão.
De educado a politicamente correto engordo engolindo
sapos, com um sorriso amarelo e vermelho de raiva.
Marinho Guzman
O mundo está agonizando e a maioria não faz, não
quer ou não pode fazer nada, incentivando a tolerância geral, mascarando e
empurrando com a barriga os grandes problemas aparentemente insolúveis.
Síria, Donald Trump, aquecimento global, atentados
políticos e religiosos, violência de todo tipo no mundo todo.
Corrupção generalizada e incontrolável no Brasil.
Gerações perdidas na busca insana e incessante de um
progresso que generaliza a banalidade.
Sejamos otimistas propagam os crédulos, os insanos,
os inconsequentes e os que não tem outra solução a oferecer.
Não há lugar para o pessimismo.
Não cabe mais.
Marinho Guzman
A rotina pode ser boa ou ruim dependendo da rota.
Marinho Guzman
Tudo o que você quiser
esquecer esquecido estará.
Marinho Guzman
O cavalo ensinado do Guarujá
Certo dia meu vizinho estava lavando um cavalo na
porta de casa com tal carinho, que eu tive de perguntar:
Compadre vai levar o cavalo à missa? E o cara, com
um sorriso maroto respondeu:
É vizinho amigo, faz tempo que você não vê meu
cavalo heim?
Hoje o danado não só vai a missa sozinho, como ajuda
o padre, recebe as oferendas e ainda leva para casa um pouco das esmolas...sabe
cumé... os tempos andam bicudos.
Passados outros tantos dias, de novo estava o
vizinho lavando o cavalo.
Engraxava os cascos do dito que brilhavam como se
ele fosse ser levado a um leilão. Não resisti... para provocar perguntei:
E aí compadre...como vai o coroinha? Continua ajuda
na missa?
O vizinho respondeu...
Compadre você não sabe de nada, além de ajudar o
padre na missa meu cavalo foi contratado por um fazendeiro que uma vez por mês
leva ele para uma linda fazenda para ensinar os cavalos de raça dele.
Esse cavalo é demais, está fazendo um curso de
inglês e logo vai para a Europa...
Engoli em seco e prometi a mim mesmo nunca mais
perguntar nada ao mentiroso.
Mas acontece que num outro dia eu estava com um
amigo na porta e esse amigo vendo ao tratamento especial do vizinho ao cavalo,
com direito a trancinha no rabo e na crina me perguntou:
Cara... o que esse cara vê nesse cavalo? Eu disse:
Nem vou te contar,vá lá e pergunte...
Entrei em casa para atender o telefone e esqueci dos
três...
Algum tempo depois toca a campainha e vem lá o meu
amigo puxando o cavalo... Mario... você nem sabe...uma pechincha...comprei o
cavalo do cara...segundo ele, o cavalo fala inglês, francês, italiano, leva as
crianças na escola, faz café da manha almoço e jantar e ainda escondidinho
busca umas vadias na cidade já com preço fechado.
Olhei bem para o meu amigo e ainda pergunte: Quanto
você pagou o cavalo? Ele disse: o cara pediu dez mil rais mas com eu só tinha
quatro em dinheiro ele aceitou... e meu amigo ria... muito...
Vamos por logo na cozinha e mandar ele fazer uma
sobremesa...diz o cara que ele é bom em doces...
Quase dei uma porrada no infeliz, falei para ele
levar o cavalo para longe e sob seu olhar atônito bati a porta na cara dele.
Duas horas depois volta o meu amigo todo
triste...Mário...o cara me enganou... o cavalo não faz nada... para não falar
que não faz nada, fez uma sujeirada na minha casa, quebrou a cozinha toda e
cagou na sala.... minha mulher quer me matar... vamos lá que eu vou devolver o
cavalo...
Só para ver o final da conversa fui até o vizinho e
presenciei o seguinte dialogo:
Cara você me enganou... esse cavalo é uma merda....
na verdade deve ser um burro.... não dá nem para montar, de tão chucro...
O vizinho maio que depressa falou.... Páááraa...
Pááára... meeuu você é louco?
Pára de falar assim mal do cavalo, se não você não
vai conseguir passar adiante essa merda de cavalo...
Marinho Guzman
Algumas pessoas não percebem de imediato o mal que
causam para os outros e ignoram que nunca poderão receber o bem praticando o
mal.
Marinho Guzman
Chega uma idade em que melhor do que não precisar
provar nada para ninguém é não precisar provar nada para você mesmo.
Marinho Guzman
Não reclame da vida na internet
Provavelmente 10% dos seus “amigos”querem que você
se foda, 88% não estão nem aí e os 2% restantes pouco podem te ajudar.
Aliás, a única pessoa que realmente pode ajudá-lo
aqui é você mesmo.
Mas que às vezes dá vontade de desabafar...isso dá!
Marinho Guzman
Quando eu partir.
Partirei triste se deixar saudades.
Quisera deixar poucas lembranças, só as alegres e
que nenhuma lágrima fosse derramada, porque gostaria de não fazer muita falta
já que eu odiaria que viesse a faltar alguma coisa aos que amo.
Que ninguém pense que a minha vida foi vazia, triste
ou que tivesse me negado algo, muito pelo contrário.
Mas fadado ao inexorável fim da existência terrena e
da convivência tão boa meus queridos, seria egoismo partir e levar comigo a
alegria que lhes pertence e que precisam para sobreviver.
Marinho Guzman
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