Copacabana
Runners
A
música faz parte de todas as manifestações culturais da raça
humana e tem a facilidade de mexer com os nossos sentimentos nos
transportando ao passado ou levando-nos a sonhar. É capaz tanto de
estimular ou até irritar dependendo do ritmo ao gosto de cada um ou
da altura que resolvemos ouvi-la. Uma música boa, se muito alta pode
se tornar chata e na atividade física vem sendo pesquisada há muito
tempo.
Nos
anos 60, Kenneth Cooper experimentou fazer saltitos e corrida
estacionária com música. Depois disso, a Dra. Phyllis Jacobson,
professora de Educação Física da Brigham Young University de Utah
(EUA) e a professora de dança Jacki Sorensen, criaram uma ginástica
de solo dançada. Foram os primeiros passos na Ginástica Aeróbica,
a precursora de todas essas novidades coreografadas de academia.
Qualquer atividade física fica melhor com música desde que seja no
ritmo e principalmente gosto de quem está fazendo a atividade.
Ainda
na Era Cooper o alemão Liptak publicou um artigo analisando o efeito
da música “pop” na freqüência cardíaca, na pressão arterial,
durante o repouso, o exercício e na recuperação, concluindo haver
boa correlação entre os efeitos fisiológicos e os psicológicos.
Autores
como Becker et. al. -1994, Brownley – 1995 entre outros, analisaram
as respostas fisiológicas associadas a ritmos musicais diferentes.
Becker
verificou respostas positivas nas caminhadas relacionadas a ritmo
mais forte concluindo que uma pessoa pode andar ou correr mais.
Szmedra & Bacharach – 1998 concluíram que além do sujeito
correr mais sob efeito da música, o esforço psicobiológico pode
ser menor. Ele comparou testes ergométricos em esteiras visando
medir VO² Máximo em corridas submáximas com e sem música e as
respostas de FC, PA, Duplo-Produto e acúmulo de lactato foram
menores com música.
Tudo
isso só corrobora o que na prática já se faz nas academias.
Entretanto, o prazer pode se transformar em tortura se a música não
estiver na altura certa medida em decibéis ou o ambiente não
estiver de acordo. Tem sido constatada em consultórios médicos
queixa otológica tais como zumbido, sensação de ouvido tapado por
parte de professores e alunos vítimas de som muito alto nas
academias. O limite de tolerância do homem a ruídos contínuos e
intermitentes, estabelecido pelo Ministério do Trabalho, é de 85
decibéis por 8 horas diárias. Pessoas que trabalham em ambientes
sonoros, como é o caso dos professores, podem ficar surdas. O padrão
estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o ouvido
humano é de 70 decibéis.
Um
interessante trabalho publicado na Internet, da autoria de Maria José
Deus e Janice Brites feito em 14 academias de Florianópolis – SC
constatou que a maioria trabalha com valores sonoros acima do
permitido por lei e recomendado na preservação da saúde, além de
muitas das salas de ginástica não serem adequadas no que se refere
ao tratamento acústico. O resultado disso é que as vítimas têm
sido os próprios professores onde a maioria apresenta problemas
auditivos e vocais por ficarem competindo com o som muito alto
achando que isso é uma aula boa.
Ambientes
com altos índices de reverberação cansam as pessoas deixando-as
irritadas e estressadas. Ora, se as pessoas vão às academias
justamente para relaxar e desestressar encontrando um ambiente
desfavorável acabam desistindo e engrossando a lista da
rotatividade. Cabe aos professores usar o bom senso em escolher bem
as músicas e conhecimento fazendo o “Be A Ba”. Plano de aula!
Quando uma aula é bem elaborada, pensada, os exercícios escolhidos
seguindo uma ordem lógica de execução, baseada em método e música
com BPM e frase musical corretos para o pretendido, os alunos fazem a
aula toda sem cansar. Muitos podem não saber o porquê da aula ter
sido boa, mas sabem que não fizeram uma salada de exercícios. Nas
atividades coreografadas como a ginástica aeróbica, jump e o step
isso é fundamental. Não menos importante é a escolha da trilha
sonora nas aulas de spinning e running seguindo uma progressão
pedagógica. Vale lembrar que o gosto deve ser o do aluno e não do
professor que deve ter bom senso sugerindo as opções. Enfim, vale o
adágio popular. Dançar de acordo com a música é muito bom. Malhar
também.