Boates
passaram a ser chamadas de baladas e eu nem percebi, porque esse é
o tipo de lugar, quando você entende como funciona, já chegou a
hora de fazer coisa melhor.
Mas
a época à qual me refiro, idos de mil novecentos e sessenta e
quatro,
para
nós era o máximo.
Aos
dezessete anos não havia nada melhor e mais emocionante,
principalmente porque era proibido.
A
boate aqui era O Jogral, na Rua Augusta, onde fomos festejar os
dezoito anos do amigo Luiz César Pannain.
Não
tenham dúvidas que era um lugar mal frequentado e isso incluía
cantores, atores e atrizes,(famosos,iniciantes,frustrados e
decadentes), bêbados de todas as categorias, jovens afim de uma
trepada rápida e velhos procurando putas novas.
Putas
e mais putas, para atender todas as preferências e isso talvez fosse
o melhor, o que a gente procurava.
A
maioria de nós era imberbe e o Luiz Cezar era uma exceção com a
sua barba e bigode bem cuidados que lhe davam uma aparência de
mais velho e isso fazia diferença com as mais novas.
Note
que nós íamos só, não tínhamos garotas para levar porque
naquele tempo as namoradas nem saiam sozinhas à noite.
A
bebida da moda era a cuba libre, Coca-Cola com rum e hoje eu não
tomaria essa beberragem nem que me pagassem muito dinheiro mas na
época a gente tomava, pagava e ainda tinha muita sorte se
conseguisse gelo suficiente para diluir a porcaria tornando-a
palatável, porque sem gelo qualquer purgante seria certamente
melhor.
Entramos
no Jogral com carteiras de estudante falsas junto com o equivalente
a uns vinte reais para o porteiro.
Quem
deveria fiscalizar era o Juizado de Menores e a gente identificava
facilmente o cara pelo paletó surrado, bem apertado, mangas muito
curtas e pela gravata fina e amassada que provavelmente passava
mais tempo no bolso do que no pescoço não combinando nada com a
calça jeans.
Invariavelmente
o cara estava entretido com alguma puta designada pelo dono para
distraí-lo e sempre havia um copo de bebida disfarçado por perto.
Anos
depois, na década de oitenta, tentaram moralizar essa fiscalização
e o Vito Arouca foi voluntário. Contam algumas garotas que ele era
inflexível, não permitindo a entrada de menores. Alguns afirmam que
ele, quando eram garotas, as levava para casa (para a dele).
Mas
voltando à comemoração dos dezoito anos do Pannain, nós eramos
uns seis moleques deslumbrados tentando impressionar as meninas que
certamente tinha mais horas de sexo do que nós de conversa, e dá-lhe
cuba-libre.
Lá
pelas tantas vejo um movimento estranho, as garotas abandonando
rapidamente a mesa e o Luiz Cezar com a cabeça apoiada na parede.
Vou
encurtar o episódio que acabou com a festa, espantou meia boate e dá
um fim cômico-melancólico nessa crônica da saudosa juventude.
O
Luiz Cezar vomitou na moça!!! Ontem mesmo quando relembramos o
episódio ele disse que não foi na moça, que ele havia vomitado
atrás da poltrona e foi o cheiro que espantou todo mundo.
Mas
há depoimentos em contrário...
Cuba
libre nunca mais!
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